“As rádios e os desafios da modernidade” (Opinião)

13 de Fevereiro, 2023 Não Por A Voz de Esmoriz

O Dia Mundial da Rádio assinala-se a 13 de Fevereiro. É uma data que consagra o legado deste meio de comunicação à escala planetária. Desde as suas origens com Marconi e Tesla, a rádio evoluiu bastante até aos dias de hoje. Mas a sua magia original mantém-se intacta – a rádio continua a ser a companhia de muitas pessoas idosas que, em casa, ouvem os seus programas preferidos nas rádios nacionais e locais. A rádio continua a ser uma “parceira” fiel dos condutores que efectuam os seus percursos rotineiros para o trabalho. Sem esquecer o papel primordial que a rádio oferece aos artistas que estão a lançar as suas carreiras musicais e que assim usufruem de uma interessante visibilidade. A rádio mede o pulsar das comunidades e incentiva à participação cívica da população que ouve programas de informação ou até debates sobre os mais diversos temas sociais.

A rádio é uma rampa de lançamento de jovens músicos, é um convite para aqueles que gostam do associativismo e que pretendem deixar uma marca positiva ou o seu próprio estilo cultural. A rádio significa abertura à diversidade de pensamento e à tolerância pelas opções de cada cidadão.

O mundo moderno está repleto de desafios às rádios locais. Por um lado, temos uma conjuntura ainda atribulada, no rescaldo do pós-pandemia e pela recente inflação provocada pelo conflito na Ucrânia, enquanto que, por outro, somos cada vez mais confrontados com o aparente triunfo da massificação digital e do poder da imagem. Os novos tempos obrigarão a uma capacidade de adaptação das rádios e jornais.

A meu ver, as rádios nacionais parecem estar melhor preparadas para esse período de transição porque são referências deste país e são ouvidas de Norte a Sul, contudo, creio que as rádios locais enfrentarão certamente um processo mais exigente e, nalguns casos, até crítico. Apesar de já ter concedido alguns apoios relevantes num passado recente, o Estado Português deve reforçar os mesmos, atendendo que as rádios locais são também cruciais para que a defesa da democracia e da pluralidade se mantenham no panorama regional.

Apesar destas considerações, acreditamos que, se o processo seguir os trilhos adequados, as rádios têm futuro e todas podem conviver entre si. Na verdade, o seu papel não pode ser desvalorizado na sociedade. As rádios locais e nacionais fazem a diferença na vida das pessoas. É certo que não “matam” a fome (excepto quando abraçam causas solidárias – o que já aconteceu, mais do que uma vez, com a nossa rádio), mas conferem uma motivação-extra aos ouvintes e oferecem uma distração saudável que lhes permitem fintar as incertezas ou até as agruras da vida. As rádios ajudam a combater a solidão, informam os cidadãos e acima de tudo, favorecem o diálogo e a construção de novas amizades (sobretudo nas rádios locais, onde muitos locutores se tornam amigos dos seus ouvintes que vivem na mesma zona).

Por fim, não poderia deixar de agradecer todo o empenho e dedicação dos locutores que fazem parte da Rádio Voz de Esmoriz e que oferecem o melhor de si para servirem, com simpatia e qualidade, os ouvintes.

Artigo de opinião de Pedro Henriques


Créditos da Imagem: https://www.engenhariaradio.pt/2016/02/dia-mundial-da-radio/