Carlos Ramos (CDU) – “A primeira necessidade será mitigar os problemas da Habitação, que dependam dos fundos do PRR”
6 de Outubro, 2025RUBRICA “À PROVA DOS NOVE”
Nove questões, nove respostas. Vamos saber a opinião de cada um dos candidatos à Câmara Municipal de Ovar.
O convidado de hoje da nossa rubrica é Carlos Ramos, candidato da CDU que oficializou a sua candidatura à Câmara Municipal de Ovar. Licenciado em Engenharia Mecânica, professor e ecologista, além de ligações ao associativismo, Carlos Ramos é o candidato da CDU à autarquia vareira, pelo que iremos agora avançar com a entrevista.
1. Olá Carlos Ramos. Poderia descrever brevemente o seu percurso profissional e associativo, para que os eleitores conheçam melhor quem é o candidato?
R: Então passo a apresentar-me. Chamo-me Carlos Ramos, tenho 54 anos, sou natural e residente em Ovar, Licenciado em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, Professor no Ensino Público dos Cursos Profissionais de Mecanotecnia, fui vice-presidente da Associação Amigos do Cáster, entre 2005 e 2007, tendo sido seu presidente entre 2012 e 2020, mantenho o cargo de dirigente até ao presente, e sou membro da Comissão Concelhia de Ovar do PCP e da Direção Regional de Aveiro do PCP.
2. Quais as principais razões que o levaram a apresentar esta candidatura?
R: Enquanto ativista da CDU e militante do PCP, a minha candidatura justifica-se em primeiro lugar pela proposta do coletivo. De seguida, porque a CDU sustenta as suas candidaturas em pilares como a defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações, na gestão pública local, eficiente e transparente, e na promoção do “direito ao território” e de um poder local democrático.
Porque é a verdadeira alternativa política para transformar o concelho, colocando os recursos municipais de facto ao serviço da melhoria das condições de vida dos trabalhadores e das populações.
3. Qual deve ser, na sua opinião, o papel do Presidente da Câmara Municipal de Ovar junto da comunidade e que qualidades considera essenciais para desempenhar o cargo?
R: Na minha perspetiva um Presidente de Câmara Municipal deve estar fortemente enraizado nos princípios da defesa dos interesses dos trabalhadores e das populações, e de uma gestão pública e democrática.
Na minha opinião, nesta função deve estar alguém que seja defensor dos interesses locais, garante dos serviços públicos, impulsionador da democracia participativa e promotor do desenvolvimento humano.
Enfatizo que um Presidente de Câmara deve ter experiência e compromisso ideológico, exigindo um perfil que contrarie a gestão que se considera ser de cariz neoliberal ou distante da realidade.
As qualidades essenciais para o cargo são, conhecimento profundo do Concelho, honestidade e integridade (seriedade) e compromisso com o interesse público.
Além disso, um Presidente de Câmara deve ter consciência que sozinho não resolverá os problemas da comunidade. Tem que comunicar e delegar na equipa e tem que ter capacidade de trabalho coletivo.
4. Acredita que o concelho de Ovar tem potencial para evoluir mais? Em que áreas vê maior margem para progresso?
R: Absolutamente. Não só é possível, como essencial acreditar que o concelho de Ovar tem um potencial significativo para evoluir e progredir mais.
Ovar é um concelho com uma base económica forte e uma riqueza natural e cultural que ainda não atingiram o seu potencial máximo. O facto de ter registado uma ligeira perda populacional na última década (Censos 2021) é, por si só, um indicador de que há margem para melhorar a atratividade e a qualidade de vida local.
A margem para progresso é notória em várias áreas, com destaque para a otimização de recursos existentes.
Áreas com maior margem de progresso, o turismo sustentável e valorização do património natural, habitação e fixação de população jovem, dinamização económica e inovação industrial e requalificação urbana e coesão territorial.
A requalificação urbana e coesão territorial, implica resolver os “pontos negros” urbanísticos e garantir que todas as freguesias beneficiam do desenvolvimento.
A reabilitação urbana, implica usar instrumentos de apoio à reabilitação urbana (IFRRU) para resolver problemas estruturais em zonas mais frágeis e para preservar o património arquitetónico da cidade. A mobilidade e conectividade, implica melhorar a rede de transportes públicos internos (ligação entre praias, ria de Aveiro, Barrinha de Esmoriz e centros urbanos) e as acessibilidades viárias e ferroviárias, aproveitando o potencial de Ovar como porta de entrada da Área Metropolitana do Porto e Região de Aveiro.
5. Quais são, no seu entender, as principais necessidades do concelho que devem ser resolvidas no próximo mandato?
R: A primeira necessidade será mitigar os problemas da Habitação, que dependam dos fundos do PRR. Porém, a CDU considera a necessidade de uma Estratégia Local de Habitação (ELH) que vá além dos projetos financiados e combata ativamente o aumento dos custos. Exigir e conceber o aumento do parque habitacional municipal para arrendamento a custos acessíveis e criar programas de apoio diretos à renda, especialmente para jovens e famílias com baixos rendimentos, é fundamental, dado o aumento dos preços.
Na Saúde, é fundamental insistir no reforço dos cuidados de saúde primários no concelho e garantir o correto funcionamento e desenvolvimento do Hospital de Ovar – Francisco Zagalo. A CDU tem-se manifestado contra a integração das unidades de saúde de Ovar no modelo de Unidade Local de Saúde (ULS), defendendo mais investimento e recursos humanos para resolver a falta de acesso e a concentração de serviços.
Quanto ao Desenvolvimento Económico e Emprego, embora Ovar seja um concelho industrial, é importante garantir um desenvolvimento equilibrado, apostando no apoio às pequenas e médias empresas e na criação de emprego com direitos e salários dignos. A diversificação económica, valorizando o comércio local e o turismo cultural e de natureza (aproveitando o potencial dos azulejos, da ria de Aveiro, das praias e do Carnaval), e a distribuição da riqueza, são muito importantes.
6. Caso seja eleito, quais os cinco projetos ou medidas prioritárias que pretende implementar no concelho de Ovar entre 2025 e 2029?
R: Não obstante o mandato, o seu exercício tem que refletir o foco da CDU na justiça social, na defesa dos serviços públicos e na proteção ambiental, que inclui a proteção da orla costeira.
Assumindo uma perspetiva coerente com a matriz política da CDU e as necessidades identificadas para o concelho, aqui estão cinco projetos ou medidas prioritárias a implementar:
Lançamento do Programa Municipal de Habitação com Rendas Acessíveis. Este poderá ser o projeto social de maior impacto, visando responder ao problema da habitação cada vez mais cara.
Exigir o reforço e valorização do Hospital de Ovar e Cuidados de Saúde Primários, em linha com a defesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e em oposição à lógica de concentração de serviços e conversão deste serviço em negócio.
Avançar com o Plano de Defesa da Costa e da Ria de Aveiro, Emergência Climática, medida essencial para proteger as populações, o território e a economia local (pesca e agricultura).
Exigir a Expansão e Qualificação da Rede de Transportes Públicos Municipais, visando melhorar a mobilidade e a coesão territorial, combatendo o esgotamento das redes.
Implementar a Tarifa Social da Água e Saneamento, uma medida de justiça social para aliviar a carga sobre as famílias mais carenciadas, procurando assegurar o acesso à água e saneamento como um direito fundamental, reduzindo a fatura para quem mais precisa.
7. Como descreveria a equipa que o acompanha nesta candidatura?
R: É uma equipa que se reflete no lema da CDU, Trabalho, Honestidade e Competência, com total compromisso com os valores da CDU, isto é, disposta a defender dos Serviços Públicos, pois são candidatos que se identificam com defesa de serviços como a Saúde, Educação, Transportes e Água sob gestão pública, com o único propósito de servir as populações e não como negócio de uma ínfima minoria.
É uma equipa que dará prioridade à distribuição mais justa da riqueza no município, nomeadamente através de políticas de habitação social, tarifas sociais e apoio aos mais desfavorecidos.
Também é uma equipa com particular preocupação com a sustentabilidade ambiental, e que na sua esfera de competências exigirá, melhor proteção da orla costeira, melhor e mais transparente proteção do Pinhal de Ovar, rios mais limpos, uma gestão mais célere, clara e rigorosa da ria de Aveiro.
8. Que posição tem sobre temas emergentes como: a preservação da Ria, da Barrinha e da orla costeira, a mobilidade e os transportes no concelho ou o apoio social a famílias e idosos?
R: A posição da CDU nestas matérias emergentes e estruturais deve ser firme, baseada na defesa da gestão pública e do interesse público, no combate ao lucro privado nos serviços essenciais.
Sobre a Preservação da ria de Aveiro, da Barrinha e da Orla Costeira, esta matéria é de emergência máxima em Ovar e a posição da CDU deve ser de reivindicação e de intervenção pública imediata.
Sobre Mobilidade e Transportes no Concelho, a posição da CDU deve focar-se na transição da mobilidade de um problema para um fator de coesão territorial e de apoio aos trabalhadores e estudantes. A CDU realizará um Plano de Mobilidade.
Quanto ao Apoio Social a Famílias e Idosos, este é um pilar fundamental da CDU, que deve propor medidas concretas de justiça social e de alívio da sobrecarga económica das famílias. Isto consegue-se pela ampliação do Parque Público de Habitação, pela diminuição do custo de vida, através da afirmação de uma Tarifa Social da Água, pelo apoio à terceira idade através da intervenção junto aos lares e apoio domiciliário e pelo reforço da ação social escolar direcionado às famílias.
9. Na qualidade de candidato, que mensagem final gostaria de deixar aos eleitores do concelho de Ovar?
R: Quero deixar aos ovarenses e neste caso concreto aos esmorizenses, uma mensagem de confiança e de convicção.
O nosso concelho de Ovar enfrenta grandes desafios, i) a transferência de competências da Saúde, Educação, Ação Social e Cultura, entre outros domínios, que passaram a estar a cargo das autarquias sem a dotação financeira necessária, ii) garantir o Direito à Habitação, iii) o avanço do mar na nossa costa, ameaça vidas e património, iv) a ria de Aveiro, não tem uma gestão ambiental séria e, v) acima de tudo, o crescente custo de vida aperta as famílias, os jovens e os idosos.
É tempo de dizer Basta! a uma gestão que fecha os olhos a quem mais precisa.
A CDU não se conforma com o clientelismo nem com as obras megalómanas que não resolvem o essencial. A nossa candidatura é feita de gente séria, com as mãos limpas, que não tem compromissos com as grandes empresas, mas sim com a nossa terra e as suas gentes.
O que vos propomos é simples e urgente:
Reforçar o Serviço Público, colocando o Hospital de Ovar e nomeadamente os Centros de Saúde como prioridade, exigindo investimento ou investindo nestes recursos. Investindo ou exigindo investimento na qualidade dos transportes e implementando tarifas sociais justas na água.
Garantir o Direito à Habitação, lutar por um Parque Habitacional Municipal forte, com rendas acessíveis, para que os nossos jovens e as nossas famílias não sejam obrigados a sair do concelho para encontrar um teto digno.
Defender a nossa casa comum, exigindo ou executando obras estruturais e imediatas para proteger a nossa costa e a nossa ria de Aveiro, tratando a gestão ambiental como uma emergência de segurança, e não como um assunto secundário.
Não vos pedimos um cheque em branco. Pedimos a força dos ovarenses para mudar o rumo de Ovar. Para colocarmos a Câmara Municipal ao serviço da maioria, com rigor, transparência e justiça social.
Que sejam os ovarenses a dar o passo em frente! Contamos com a força, com a intervenção e com o voto, para fazer de Ovar um concelho mais justo e mais verde para todos.
Votem na CDU!
Agradecemos, desde já, o tempo que nos concedeu.





