Deixou-nos o “Rei das Subidas”
28 de Novembro, 2020Se há heróis e lendas dos clubes pequenos, o treinador Vítor Oliveira foi sem dúvida, um desses exemplos. Um homem humilde, um trabalhador nato e com grande cultura futebolística. Ao evidenciar um discurso articulado, coerente e realista, Vítor Oliveira encantou muitos dos fãs do futebol.
O treinador, de 67 anos, estava a fazer hoje uma caminhada em Matosinhos, quando se sentiu mal, tendo acabado por falecer.
Enquanto jogador, Vítor Oliveira não foi propriamente um craque de topo, tendo sido um médio centro com uma performance razoável. Ainda assim, chegou a representar as cores do Leixões SC, Paredes, Famalicão, Sporting Clube de Espinho, Sporting Clube de Braga e Portimonense.
Como treinador, o seu legado foi diferente. É certo que não conseguiu ganhar qualquer campeonato ou taça de Portugal, mas também é verdade que nunca chegou a ser convidado para treinar qualquer um dos três clubes grandes do nosso futebol. No entanto, foi responsável por 11 subidas de divisão, um recorde nacional que muito dificilmente encontrará eco nalgum campeonato estrangeiro.
Assim sendo, Vítor Oliveira foi responsável pelas subidas das seguintes equipas à Primeira Liga: Paços de Ferreira (1990-1991 e 2018-2019), Académica (1996-1997), União de Leiria (1997-1998), Belenenses (1998-1999), Leixões (2006-2007), Arouca (2012-2013), Moreirense (2013-2014), União da Madeira (2014-2015), Desportivo de Chaves (2015-2016), e Portimonense (2016-2017). Destas 11 subidas, em seis ocasiões, sagrou-se mesmo campeão da Segunda Liga.
Vítor Oliveira teve ainda a proeza de orientar um Gil Vicente, então recém-promovido administrativamente, construindo uma equipa de raiz e alcançando uma surpreendente décima posição no campeonato, quando todos esperavam um ano bastante difícil para a equipa de Barcelos.
O treinador oriundo de Matosinhos sabia pegar em equipas pequenas, potenciá-las do ponto de vista colectivo e superar assim os objectivos iniciais.
Vítor Oliveira deixou hoje o futebol de luto, tendo provado que os clubes pequenos também podem sonhar com proezas!
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