Emanuel Oliveira (PS) – “O Concelho tem de ter um serviço de urgência básica a funcionar no Hospital Dr. Francisco Zagalo em Ovar (…) É igualmente necessário alargar a rede de creches, apoiar os cuidadores informais”

8 de Outubro, 2025 Não Por A Voz de Esmoriz



RÚBRICA “À PROVA DOS NOVE”

Nove questões, nove respostas. Vamos saber a opinião de cada um dos candidatos à Câmara Municipal de Ovar. O convidado de hoje da nossa rubrica é Emanuel Oliveira, dirigente político do Partido Socialista de Ovar (assume a liderança da concelhia) e membro dos recursos humanos municipais, que aceitou abraçar o projeto político de avançar pelo PS à Câmara Municipal de Ovar, pelo que iremos agora iniciar esta entrevista.

1- Olá Emanuel Oliveira. Poderia descrever brevemente o seu percurso profissional e associativo, para que os eleitores conheçam melhor quem é o candidato?

    R: Sou natural da freguesia de Cortegaça, onde nasci há 48 anos e onde resido atualmente em alternância com o Torrão do lameiro. Licenciei-me em Gestão de Recursos Humanos, área na qual fiz também uma pós-graduação e a que acrescentei, ao longo dos anos, diversos cursos de especialização, a título de exemplo, o curso de Gestão Pública na Administração Local e uma Especialização em Controlo e Gestão.

    Profissionalmente, trabalho na Administração Local há 22 anos, tendo sido Dirigente Municipal durante 15 anos. Atualmente, trabalho como Técnico Superior na área da Auditoria e Qualidade do Município de Ovar. Ao longo deste período, foram muitas as experiências que me enriqueceram profissionalmente e prepararam para o cargo a que agora me candidato. Fui interlocutor do Município no processo de criação da Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), integrei vários grupos de trabalho e colaborei com vários Municípios e Freguesias em processos relacionados com a área de Recursos Humanos. Fui tutor de estudantes na área da Gestão Pública e Autárquica na ESTGA – Universidade de Aveiro.

    No associativismo, destaco a honra de ter sido Presidente da Banda Filarmónica Ovarense, a mais antiga associação não religiosa do Concelho de Ovar e uma das mais antigas do nosso país, com mais de dois séculos de existência. Fui também membro da secção de futsal da CRECOR e integro a Troupe de Reis JOC-LOC há cerca de 15 anos.


    2- Quais as principais razões que o levaram a apresentar esta candidatura?

    R: Cresci, enquanto pessoa e cidadão, num Concelho gerido por autarcas do Partido Socialista, um Concelho que tinha um rumo de desenvolvimento claro em múltiplas áreas, da habitação à economia, do emprego à cultura e educação, do associativismo à solidariedade social, da preservação ambiental às infraestruturas.

    O nosso Concelho destacava-se, pelo seu brilho e desenvolvimento sustentável, em relação a Concelhos limítrofes e vizinhos. E o que temos atualmente? Um absoluto contraste, um Concelho estagnado, parado no tempo, uma governação feita de eventos isolados e incapaz de, em mais de uma década, revelar um pensamento estruturado e fundamentado, um rumo com uma visão orientadora de futuro para a nossa terra.

    Tenho a noção dos desafios que se colocam à nossa comunidade e ao nosso concelho e estou pronto para trabalhar afincadamente e com todos para construir um futuro com rumo e uma visão estratégica para o Município.


    3- Qual deve ser, na sua opinião, o papel do Presidente da Câmara Municipal de Ovar junto da comunidade e que qualidades considera essenciais para desempenhar o cargo?

    R: O presidente da Câmara Municipal de Ovar deve ter uma postura dialogante e de proximidade com os Munícipes e toda a comunidade, só assim, ouvindo todos e partilhando ideias, é possível agregar vontades e projetar o futuro.

    Para além disso, a seriedade, a humildade, competência, sentido de responsabilidade, persistência e capacidade reivindicativa devem ser caraterísticas intrínsecas de um presidente de Câmara. Não me imagino a desempenhar as funções de outra forma.


    4- Acredita que o concelho de Ovar tem potencial para evoluir mais? Em que áreas vê maior margem para progresso?

    R: O Concelho de Ovar tem um potencial enorme, desde logo a privilegiada localização geográfica, entre Aveiro e Porto, excelentes acessibilidades com rede viária e férrea, património natural com floresta, ria, barrinha, extensa linha de praias. Temos um património religioso, arquitetónico e cultural riquíssimo, gastronomia de referência, inúmeras coletividades recreativas, culturais e desportivas com uma dinâmica e valor invejáveis. Temos um tecido empresarial com enorme potencial de crescimento e comerciantes resilientes e criativos. Temos valores identitários com tradições vincadas e históricas na nossa comunidade, como são exemplo a tanoaria e a arte xávega. 

    Um município com as caraterísticas que acima referi tem uma margem de crescimento enorme na área do turismo, atividades económicas, ambiente e com condições únicas que garantem qualidade de vida aos munícipes e a todos os que nos visitam, atraindo a fixação de população, dinamizando ainda mais todos os valores económicos, sociais, culturais e naturais do território. Neste sentido o desafio que nos espera é motivador e aliciante e conduz-nos a uma visão de futuro próspera, diferenciadora e arrojada.

    O Município de Ovar é um diamante por lapidar.


    5- Quais são, no seu entender, as principais necessidades do concelho que devem ser resolvidas no próximo mandato?

    R: Existem múltiplas necessidades urgentes no nosso Concelho a que temos de dar resposta e outras que são essenciais ao nosso desenvolvimento num futuro próximo. Não podemos ter uma visão limitada a resolver as dificuldades atuais, sem a capacidade de perspetivar o futuro e trabalhar para que ele seja aquilo que desejamos. É por isso que é tão importante ter um rumo, uma ideia bem clara do que queremos para o futuro do nosso Concelho.

    A saúde é uma necessidade primordial. Temos de ter proximidade de cuidados de saúde às nossas populações, todas as freguesias têm de ter Unidades de Saúde Familiar a funcionar. O Concelho tem de ter um serviço de urgência básica a funcionar no Hospital Dr. Francisco Zagalo em Ovar e enquanto não se efetivar teremos que ter em permanência uma viatura médica de emergência e reanimação (VMER).

    Outra necessidade fundamental é a erosão costeira, não podemos compactuar com a inércia de sucessivos governos, é hora de exigir respeito e obra no terreno.

    A implementação de novas e modernas áreas de acolhimento empresarial, a norte e a sul do Concelho e a expansão para nascente da atual Zona Industrial de Ovar é fundamental para atrair novas empresas e gerar a criação de mais postos de trabalho.

    A rede viária do Concelho apresenta um estado de degradação acentuado, necessitando de uma profunda requalificação. A Estrada Nacional 109 é o caso mais preocupante que urge resolver.

    Na área da educação, pretendemos implementar uma Estratégia Local Integrada de Educação e rever a Carta Educativa. Temos ainda como grande objetivo a instalação de um Pólo do Ensino Superior em Ovar.

    Apresentamos propostas concretas de apoio aos séniores, como a construção de Centros de Dia Multigeracionais que incluem, também, a valência de creche.

    E não posso deixar de destacar a habitação como uma das grandes necessidades do nosso concelho. Sabemos bem as dificuldades que muitas famílias, sobretudo as mais jovens, enfrentam. Por isso, avançaremos com medidas concretas, entre as quais se destacam dois novos loteamentos destinados à venda de lotes e à construção a preços controlados, reservados a famílias jovens.

    6- Caso seja eleito, quais os cinco projetos ou medidas prioritárias que pretende implementar no concelho de Ovar entre 2025 e 2029?

    R: – Elaborar a Carta Municipal da Habitação;

    – Inaugurar a Casa das Artes de Esmoriz (Esmoriztur) em 2026;

    – Avançar com as zonas de atividades económicas;

    – Criar o Gabinete Municipal de Prescrição Social;

    – Revitalizar o Parque Ambiental do Buçaquinho, promover a Expansão do Parque Urbano de Ovar e requalificar as praias do Furadouro, Cortegaça e Esmoriz.

    7- Como descreveria a equipa que o acompanha nesta candidatura?

    R: Ao constituir a minha equipa, os meus critérios foram muito simples, competência, lealdade, conhecimento da realidade do Concelho, postura ética exemplar, sentido cívico e visão estratégica. E posso dizer que consegui construir uma equipa que me garante total confiança, que me orgulha e que será a alavanca para concretizarmos tudo aquilo a que nos propomos para o nosso Município nos próximos 4 anos.

    Escolhi pessoas da minha total confiança, competentes, com formação em diferentes áreas, percurso profissional consolidado e com vontade de trabalhar pelo nosso Concelho.

    8- Que posição tem sobre temas emergentes como: a preservação da Ria, da Barrinha e da orla costeira, a mobilidade e os transportes no concelho ou o apoio social a famílias e idosos?

    R: Vou tentar não me repetir e ser sintético.

    Em relação à Ria de Aveiro, precisamos de uma intervenção integrada e articulada entre todos os municípios da Ria, a Agência Portuguesa do Ambiente e o Ministério do Ambiente. As intervenções pontuais e desconectadas que têm sido feitas não resolveram o problema do assoreamento e da navegabilidade e ainda agravaram ou trouxeram novos problemas, como a salinização dos terrenos agrícolas da zona da Marinha e inúmeras perturbações no equilíbrio dos vários ecossistemas da Ria de Aveiro.

    A Barrinha de Esmoriz é um habitat de importância ecológica primordial, com características únicas que lhe conferem um enorme potencial turístico para Esmoriz. A nossa ação terá três focos complementares: despoluir a montante da Barrinha, intervir localmente para garantir a sustentabilidade e proteger a jusante e no interface com o mar. Só com uma abordagem integrada e articulada poderemos alcançar resultados duradouros e efetivos, garantindo a conservação deste tesouro natural e aproveitando todo o seu potencial para a comunidade.

    A Orla Costeira necessita de uma estratégia articulada entre as entidades responsáveis. A erosão costeira é a maior ameaça com que nos deparamos. O avanço do mar é assustador, ameaçando os aglomerados urbanos e reduzindo o areal das praias, não podendo negligenciar o eminente problema ambiental que poderá vir a surgir com a proximidade do mar ao antigo aterro de Maceda. Precisamos de um compromisso do Governo, que faça uma abordagem integrada da costa, conjugando estruturas de proteção, com realimentação de praias, reforço dunar, defesas destacadas, etc.

    Ao nível da mobilidade e transportes existe muito por fazer no nosso Concelho. Temos que apostar no aumento de infraestruturas de mobilidade suave e reabilitar as existentes.

    Precisamos de uma rede de transporte público com horários adequados às necessidades dos utentes. É imperioso corrigir horários e circuitos da Busway, alicerçados nas dinâmicas do concelho e nas exigências da população.

    O apoio social a famílias e idosos é uma área complexa, multidimensional e de importância crucial, que exige do município atenção máxima e uma ação consistente. Este compromisso deve traduzir-se em respostas concretas, que vão desde as infraestruturas até aos serviços essenciais, incluindo o apoio ao transporte de crianças, lanches e refeições escolares.

    É igualmente necessário alargar a rede de creches, apoiar os cuidadores informais e implementar um programa de ação social estruturado, que não seja apenas reativo, mas capaz de antecipar necessidades e proporcionar soluções eficazes. Tudo isto deve ser feito em estreita colaboração com múltiplas entidades e com as nossas IPSS’s, garantindo parcerias sólidas que fortaleçam a rede de apoio social do concelho.

    No âmbito da habitação, vamos construir fogos e lotes para venda e aluguer a custos controlados. Alavancar o desenvolvimento de parcerias de ação, nomeadamente com cooperativas de habitação e associações de moradores.


    9- Na qualidade de candidato, que mensagem final gostaria de deixar aos eleitores do concelho de Ovar?

    R: Estamos prontos para assumir esta responsabilidade. Prontos para ouvir, trabalhar e transformar ideias em soluções concretas. Queremos estar próximos das pessoas, responder às suas necessidades e construir caminhos para o progresso.

    O nosso compromisso com os munícipes é claro: um futuro com Rumo e um futuro com Todos. Um território de que todos possamos sentir orgulho. Um concelho onde cada cidadão se sinta incluído, ouvido e valorizado, com oportunidades e qualidade de vida.

    Pedimos um voto de confiança para protagonizarmos a mudança tão necessária e colocarmos o nosso município na senda do desenvolvimento.


    Agradecemos, desde já, o tempo que nos concedeu.