Escola Profissional de Aveiro dinamiza ação de rua pelo combate para a erradicação da pobreza

2 de Novembro, 2023 0 Por A Voz de Esmoriz

No passado mês de outubro, mês em que se assinalou o Dia do combate pela Erradicação da Pobreza (17 de outubro), a Escola Profissional de Aveiro desenvolveu uma ação de rua, em Aveiro, como forma alertar e sensibilizar para a temática da pobreza e da pessoa em situação de sem-abrigo.

A ação desenvolvida com a equipa (turma) 4DC, do Curso Profissional Técnico de Animador Sociocultural, sob orientação da Coach (Professora) Andrea Cordeiro, para assinalar o Dia da Erradicação da Pobreza, enquadra-se no módulo “Sociedade Contemporânea” na disciplina de Sociologia e visou caracterizar alguns grupos sociais vulneráveis em espaço urbano, em específico, a Pessoa em condição de Sem-Abrigo. A abordagem ao fenómeno da pobreza, da exclusão social e dos sem-abrigo é complexa e requer uma diversidade de perspetivas de análise. Em contexto de aprendizagem, a trajetória de trabalho centrou-se na conceptualização deste fenómeno social e o papel do Animador Sociocultural enquanto agente social de intervenção na comunidade.

Deste modo, praticamos uma Sociologia de Intervenção defendida, por exemplo, por Rémi Hess (1982) e que desejamos partilhar com os juniores (alunos) como sendo o alicerce do trabalho comunitário – a necessidade do “investigador” participar do seu objeto de estudo com o intuito explícito de melhorar o quadro social desenvolvendo uma ética da liberdade e da solidariedade. Esta atividade permitiu, ainda, selecionar informação relevante sobre a comunidade e este fenómeno social específico dando relevo à fase de observação e diagnóstico de um qualquer projeto de desenvolvimento comunitário. Com base no preconizado por Ander-Egg (1980), estes juniores e futuros técnicos de Animação Sociocultural procederam a uma investigação preliminar, isto é, uma aproximação exploratória de uma problemática da comunidade, envolvendo-se na identificação das necessidades vividas e sentidas.

“Subjacente à proposta de atividade implementada, esteve a intenção de promover o exercício de uma cidadania orientada para os direitos humanos tais como os valores da igualdade, da democracia e da justiça social mas, também, o espírito crítico, a solidariedade, o voluntariado. Defini para esta iniciativa, e como prioridade de trabalho, o desenvolvimento pessoal e social dos juniores transversal à formação do seu caráter, do seu espírito de liderança e da sua educação democrática.

Esta ação serviu esse mesmo propósito e, numa perspetiva de educação intercultural, permitiu aprender a conhecer o Eu (porque trabalharam competências de autoconhecimento), aprenderam a conhecer o Outro, aprenderam a comunicar, geriram situações de diversidade, avaliaram valores e padrões, foram autónomos, agiram em equipa e promoveram a solidariedade.

Saliente-se, ainda, o facto desta ação fazer parte do plano de ação da REEI que a EPA integra sendo a a sua avaliação bastante satisfatória pelo feedback alcançado.” (Andrea Cordeiro, Coach EPA)

No âmbito da atividade proposta pela coach Andrea Cordeiro na disciplina de sociologia, a equipa 4DC foi desafiada a realizar uma ação de sensibilização na comunidade em Aveiro sobre pobreza e a condição dos sem-abrigo.

A mim coube a tarefa de fazer parte de um experimento social, assumindo a personagem de um sem-abrigo. Ao ter desempenhado este papel, percebi que uma boa parte das pessoas reage com indiferença e até algum nojo a esta situação, atitude que me deixou triste, sobretudo porque existe um desconhecimento dos fatores que podem levar um indivíduo a esta condição. Existem ainda muito estereótipos e preconceitos que é preciso derrubar. Ainda assim, convém dizer que no contacto que estabeleci com as pessoas, muitas há que são solidárias e preocupadas e que se disponibilizaram para ajudar. Depois das pessoas perceberem que isto era apenas uma simulação, disseram que este tipo de intervenções era importante para sensibilizar as pessoas.

Considero que este tipo de intervenção é bastante importante na comunidade para que a população tome consciência das necessidades existentes, que assumam uma posição crítica sobre a sua realidade e que se organizem para responder a estas necessidades. E este é o verdadeiro objetivo da animação sociocultural. Só assim poderemos ter uma comunidade melhor e mais tranquila e transmitir às pessoas que é possível mudar a vida de um sem-abrigo anulando os preconceitos e as ideias maldosas das pessoas.

(Tito Rodrigues, Júnior EPA)