Exposição “An Exploration of Trash” chega ao Museu Municipal do Espinho

Patente no Museu Municipal de Espinho, 25 janeiro – 22 fevereiro 2025


Sinopse:

Numa sociedade de consumo, que diariamente é impelida a adquirir, a colecionar, a levar para casa mais alguma coisa “só porque sim”, o que fazemos com o excesso, com a quantidade de matéria que se vai produzindo, que se vai acumulando, num círculo vicioso de consumo que gera produção e desejo? Somos nós que consumimos esses objetos ou são eles que, sem sabermos, nos manipulam em proveito de um desafio maior, irreconhecível, malicioso até? E o que deixa de ter importância para nós passa a ser, então, dispensável?
A partir de uma matéria que deixa de ser nova porque a mais recente, a que adquirimos hoje, ganha espaço ao que compramos ontem, Kideo Kidō procura encontrar caminhos para uma nova vida a dar a esse lixo. A partir de pedaços, fragmentos, de formas disformes e cores que deixaram de ser harmoniosas, a artista procura refletir sobre uma sociedade que pensa pouco o amanhã e vive demasiado o hoje, sem avaliar, de forma conveniente, as consequências de um presente sem ambição.

Tendo como base múltiplos materiais, do cartão ao papel, do vidro ao acrílico, da música à instalação, “An Exploration of Trash” é uma visão muito pessoal da forma como o lixo pode ser, mais do que isso. Pode ser, afinal, a saída para muitos dos problemas atuais. Usando o que os outros, em algum momento, acharam que era dispensável, cria leituras de uma mesma realidade, cruzando com simbologias muito concretas, de cariz social, político, económico, cultural, religioso e até sexual.
Na arte, como na vida, a vida faz-se de passado, presente e futuro. O lixo, o nosso lixo, pode, afinal, dizer mais de nós do que aquilo que diariamente possamos pensar. Não é apenas algo que deitamos fora; é parte da nossa história, da nossa identidade, que todos os dias vai sendo subtraída de cada um de nós.

Palavras da artista:
“Desde que comecei a explorar o conceito de sustentabilidade no meu trabalho, tenho sido fascinada pela ideia de imperfeição e intenção. É o medo do julgamento e o potencial da imperfeição que me desafia a continuar a brincar com materiais e imagens.” – Isa Magalhães


Biografia

Isa Magalhães (aka Kideo Kidō) é uma artista plástica portuguesa, nascida em Espinho, em 1983. Licenciou-se pela Escola Superior Artística do Porto, em 2006 e concluiu os seus estudos em teatro pela The New Actors Workshop em Nova Iorque, em 2008.
Cria projetos que abordam várias disciplinas, desde a pintura, performance, desenho, escultura, instalação à videoarte, explorando temas relevantes no contexto contemporâneo.
As preocupações centrais do trabalho da artista são a intervenção, a forma, o espaço, a imersão, a inclusão, o material e a exploração, que encontram referências na cultura de massas.
Apresenta um olhar pessoal sobre temas como a religião, o misticismo, a(s) identidade(s) e a sustentabilidade, através de trabalhos imersivos e multissensoriais, onde pontuam narrativas que desmistificam o ato criativo.
Explora, na maioria das vezes, objetos comuns e reciclados para abrir o diálogo sobre a sustentabilidade nos vários domínios da sociedade.
Os materiais utilizados são literalmente cortados, rasgados, colados e sobrepostos, durante um processo de criação intuitivo – e, em muitos casos, até colaborativo, através de encontros e workshops
efetuados com a comunidade.
A partir desta matéria, transforma espaços em experiências únicas e sensitivas, o que leva a que o público possa acompanhar este constante questionamento e estudo sobre estas áreas.
O seu trabalho faz parte de várias coleções privadas e de uma coleção pública. Em 2024, foi reconhecida com um Prémio e uma Bolsa pela Fundação Oriente, em Lisboa, no âmbito dos 50 anos
da Revolução de Abril.
No mesmo ano, tornou-se Artista Associada do Programa Bandeira Azul, em Espinho, desenvolvendo várias atividades educativas, colaborações e exposições em vários espaços da cidade.


Mais informações: www.kideokido.com.