Faleceu Jorge Sampaio

10 de Setembro, 2021 0 Por A Voz de Esmoriz

Jorge Sampaio, antigo Presidente da República de Portugal, faleceu hoje com 81 anos no Hospital de Santa Cruz, na sequência de dificuldades respiratórias.

Nascido em 1939, Jorge Sampaio viria a ser uma das vozes da democracia e liberdade, tendo desempenhado várias funções de prestígio, assumindo-se como um verdadeiro estadista.

Em 1962, participou num movimento estudantil contra o Estado Novo. Foi advogado, presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995), foi secretário-geral do Partido Socialista (1989-1992), Presidente da República de Portugal entre 1996 e 2006 e Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações (2007-2013). Fundaria ainda uma plataforma global para ajudar estudantes sírios e refugiados.

Ao longo dos seus dez anos de presidência nacional, zelou pela necessidade de estabilidade no país, no entanto, teve que lidar com alguns momentos difíceis – nomeadamente a polémica dissolução da Assembleia da República em 2004, quando Pedro Santana Lopes tinha assumido o lugar de Durão Barroso que aceitou o projecto de liderança da Comissão Europeia. Também havia dissolvido o Parlamento após a demissão de António Guterres em 2001. Em termos de relações políticas internacionais, Jorge Sampaio opôs-se à participação de Portugal na invasão do Iraque (proibindo a participação do exército português na guerra) e não concordando com a visão de Durão Barroso. Em relação à Cimeira das Lajes (2003), Jorge Sampaio acreditava previamente que a iniciativa iria servir para uma resolução pacífica, mas depois seria confrontando mais tarde com os resultados que serviram o efeito contrário e a invasão do Iraque iniciou-se poucos dias depois. Por outro lado, apoiou a autodeterminação do povo timorense (2002), exercendo um grande papel na via diplomática. Também assistiria à passagem de Macau para a República Popular da China (1999). Foi um homem de diálogo e de “pontes”.

Numa das suas últimas intervenções públicas, frisou que “a solidariedade não é facultativa”, pedindo mais generosidade da Humanidade de forma a ajudar os mais desfavorecidos.

Marcelo Rebelo de Sousa, actual Presidente da República, relembrou a personalidade de Jorge Sampaio (a quem chama “um grande senhor da nossa democracia”) e enalteceu que ficou provado que há entre os que nascem privilegiados, e que mesmo assim, convertem a sua vida numa luta pelos mais necessitados.

O Governo decidiu decretar três dias de luto.


Créditos de Imagem: Marcos Borga (Visão)