Festa 2025 fez a comunhão perfeita entre os Sons da Lusofonia e a Natureza

O Festa, organizado pela Câmara Municipal de Ovar, voltou a realizar-se no Parque Urbano de Ovar, traduzindo-se novamente em enchentes na sexta-feira e no sábado. Os jardins idílicos do parque, o correr calmo das águas do rio Cáster, as correrias das crianças que brincavam com as famílias, a juventude que dançava com as vibrações positivas das músicas, e claro, sem esquecer os vários stands de apoio (ao nível logístico e da restauração) e de mesas disponibilizadas para as tertúlias com os artistas.

Destaque ainda para a distribuição de alguns palcos (palco Verde, palco Rio e o principal – o palco Festa) que obedeciam a uma itinerância singular, fazendo com que os cidadãos se movimentassem pelo parque para escutar as melodias que mais apreciavam, sempre num enquadramento que previa o contacto salutar com a Natureza.

Além da vertente ambiental e confraternização social, houve também o melhor da música da lusofonia, congregando contributos de vários projectos portugueses, brasileiros, cabo-verdianos, moçambicanos, etc.

No dia 11 de Julho, sexta-feira, A Garota Não e os Cara de Espelho fizeram um brilharete no Festa 2025. A primeira, pela voz de Cátia Mazari Oliveira, apresentou o seu novo álbum “Ferry Gold”, cujo legado musical tem vindo a retratar um espírito crítico e afectivo em torno do tempo em que vivemos. Já os segundos, continuaram a fazer a transição entre a tradição e a inovação, através de novos caminhos, mas mantendo igualmente a sátira e a crítica social – e daí o seu novo single – “Elefante no Hemiciclo”. Recordamos que já tínhamos estado, há algum tempo, à conversa com Pedro da Silva Martins, conceituado compositor que integra este projecto. Por outro lado, tivemos ainda, no Festa, o coletivo de afrobeat luso-moçambicano Cacique’97 que contagiou o público com a sua sonoridade quente, vibrante e interativa.

No dia 12 de Julho, sábado, tivemos Crua, Juliana Linhares (Brasil), Asa Cobra (Portugal-Brasil), Fogo Fogo de Cabo Verde e a DJ Carla Castelhano que, atuando pelos Palcos Verde e Rio, voltaram a acrescentar uma energia dinâmica e alegre, cativando os públicos que se fizeram representar em bom número. No entanto, o cabeça de cartaz deste evento seria a Banda Sétima Legião, uma das mais icónicas do panorama nacional, que proporcionou uma noite mágica no Palco Festa do Parque Urbano de Ovar com os temas “Por quem não esqueci”, “Sete Mares”, “Noutro lugar”, entre outros. Uma multidão lotou rapidamente o espaço, deixando-se levar pela nostalgia e pela arte das melodias cantadas por este grupo que voltou a demonstrar muita classe em palco. No final do concerto, tivemos a honra de estar em entrevista com esta banda. Destaque ainda para o cantor e compositor Mário Lúcio (Cabo-Verde) que, também na noite desse sábado, com o seu estilo de funaná e reggae, trouxe as músicas profundamente belas de Cabo-Verde, prestando homenagem à língua crioula do seu país e também relembrando os 50 anos da sua independência (o músico lançou igualmente um recente álbum denominado “Independance” onde as influências africanas na música e dança estão bem presentes).

Durante aqueles dois dias, registámos ainda iniciativas lúdicas no “Lugar das Infâncias” a pensar nos mais novos (nomeadamente narração de contos e histórias, oficinas de criação ou jogos diversos). Foi ainda apresentado o livro alusivo ao evento – “Festa – Sons da Lusofonia. Da Revolução ao Ritmo 50 anos do 25 de Abril em Sons Lusófonos”, uma edição especial da Câmara Municipal de Ovar que permite desfolhar a história do Festa, incorporando reflexões sobre a Lusofonia e um conjunto de entrevistas que foram feitas por Rui Miguel Abreu.

O conceito cultural do Festa tem vindo a ser elogiado e há quem defenda que o mesmo deveria ser estendido igualmente até ao domingo, não se confinando apenas à sexta-feira e ao sábado. O público parece ter ficado agradado com esta mescla saudável entre a natureza e os sons da lusofonia.