Grupo de Teatro Renascer apresentou “Trincheira Central” em sessão dupla
23 de Maio, 2021Após dois anos de inactividade devido à pandemia que fez parar os espectáculos, o Grupo de Teatro Renascer regressou aos palcos, e logo em dose dupla: nas noites de sexta-feira e sábado, a entidade apresentou, no seu auditório sito nos Castanheiros, a nova peça “Trincheira Central” que contou com a encenação de Felipe Silva.
A cenografia ilustraria a presença de trincheiras, enquanto a sonoplastia difundia sons de tiroteios e bombardeamentos aéreos, consubstanciando-se assim um ambiente belicista. Os dramas e os horrores da guerra mexiam profundamente com as personagens envolvidas na mesma. No elenco, destaque para a presença dos soldados Magalhães (interpretado por João Gomes), Silva (representado por Teresa Pinho) e Santos (papel exercido por Filipa Rocha), todos eles votados a um desfecho incerto, longe das suas casas e das suas famílias (isto se ainda as detinham).
O jogo de poderes, as acusações mútuas, os ódios entre inimigos, a ausência de liberdade e de futuro são bem retratados ao longo da peça. Por exemplo, o soldado Magalhães acaba mesmo por sucumbir, tendo sido atingido durante uma batalha e como se não bastasse, com o corpo ferido a repousar em cima de uma mina, sem depois se poder mexer perante os dois soldados (embora aqui com maior destaque para o soldado Silva que era das suas hostes) que o tentavam ajudar, embora em vão, porque estavam isolados num lugar.
Com este enredo trágico, pretendeu-se denunciar os jogos de poder, a indústria do armamento e o alheamento da civilização que acabam, na sombra, por alimentar as guerras e os seus horrores.
Em termos de público presente, é de realçar que, nas duas sessões apresentadas, se vislumbrou a presença dum número considerável de espectadores, tendo sido cumpridas as regras da Direcção Geral de Saúde.
João Gomes, Presidente do Grupo de Teatro Renascer, recordou que o conteúdo apresentado pode ser considerado como actual, dado que hoje enfrentamos um inimigo invisível (o vírus da COVID-19) que nos obrigou a recuar para as nossas trincheiras (as nossas casas). Por outro lado, e sem esquecer o terror das guerras, relembra que o objectivo passou por relembrar que muitas vezes o poder salta de mãos em mãos, enquanto as pessoas são muitas vezes usadas como “carne para canhão”.
Vera Gomes, Dirigente do Grupo de Teatro Renascer, felicitou o excelente papel protagonizado pelo elenco e agradeceu a presença do público.
Felipe Silva, encenador da peça, frisou o crescimento e amadurecimento do Grupo de Teatro Renascer que tem trabalhado arduamente para apresentar peças de qualidade, apostando na diversificação dos géneros apresentados, desde musicais, passando por comédias, e agora, neste caso, apresentando um drama.
Alcides Alves, Presidente da Assembleia Geral do Grupo de Teatro Renascer, refere que esta peça tem potencial para marcar a diferença pela positiva em muitos palcos deste país. Menciona que a mesma pretende incutir uma reflexão humanista – sobre se este é o mundo que realmente queremos ter ou se podemos mudar alguma coisa para construir um mundo melhor e mais justo.