
José Reis partiu e deixa a cultura de Esmoriz mais pobre
3 de Março, 2023José Reis, um ícone da música esmorizense, partiu hoje e deixou a cultura da terra mais pobre. O autor de grandes temas como “Grande Marcha de Esmoriz”, “Vira Virou”, “Esmoriz ao Sol Posto”, “Fado do Tanoeiro”, “Vira das Cordoeiras” , “Fado do Tanoeiro”, “Tudo Florido”, “Adeus Barrinha”, “É Festa É Festa”, “Marcha dos Pescadores” deixou um grande reportório musical à comunidade.
José Reis foi ainda um grande amigo do associativismo, actuando em vários eventos culturais e lúdicos.
A Comissão de Melhoramentos de Esmoriz que apoiou, nos tempos de Orlando Santos, o álbum de José Reis “Esmoriz, Vida e Música”, vem por este meio apresentar as suas condolências a familiares e amigos.
Não poderíamos deixar de partilhar o registo histórico escrito por Francisco Pinho.
Figuras de Esmoriz (artigo escrito por Francisco Pinho no Jornal A Voz de Esmoriz – em Maio de 2022)
José António dos Reis nasceu a 23 de Julho de 1948, no Lugar do Campo Grande em Esmoriz.
Enfrentou a profissão de trolha, onde começou a cantarolar as modas daquele tempo, cantando O Calhambeque de Roberto Carlos, ficando-lhe aquele alcunha, (ainda hoje conhecido pelo calhambeque) que o cantava com uma perfeição impressionante! Aos 16 anos, teve a sua primeira presença de Palco no Salão dos Bombeiros de Esmoriz, integrado no Grupo Cénico no ano de 1964. A partir dessa data, nunca mais deixou de cantar e tocar o seu instrumento «viola».
Ao longo de “58” anos de carreira: cantor, compositor, músico e ator do Grupo Cénico dos (B.V. E.) desde 1978 a 1994, nas suas maravilhosas interpretações…”O Zé Não Vai Em Cantigas”,” Flor d’Aldeia”, “É Festa É Festa”, “Esmoriz É Um Mar De Rosas”, Esmoriz Em Saneamento”, “Sombra E Coloridos”, “Agora É Que Elas Mordem”, “Isto Vai Mau”, “Olha A Ramboia”, “AÍ Vai Disto”, “ Esmoriz Ao Sol”, “O Malho Que Canta E Ri”, “Linguado Só Cozido”, “A Cidade Em Revista”, “Ó Pá Chega-lhe Ao Bico”… Deu grande colaboração à festa comemorativa dos 50 anos de atividade do Senhor Saúl de Oliveira.
…Além do seu belo trabalho como ator, também tem imenso significado a arte de cançonetista em grande destaque para o seu «Curriculum Vitae». Em (1965) com grande sucesso na Casa do Povo da Vila da Feira e outros lugares.
Em (1968) brilhou no Salão Paroquial de Esmoriz, ao lado dos artistas Catarina Valério, Manuel Morais, Augusta Cardoso, Adão Figueiredo, entre outros.
Em (1969) recebeu a “Carteira Profissional de Cançonetista” passada pelo Sindicato Nacional dos Artistas Profissionais. Depois de reconhecido artista, esteve presente em quatro sessões no centro Paroquial de Esmoriz, aplaudido por imensas pessoas cheias de carinho humano, continuando no palco dos Bombeiros, nas Festas Sanjoaninas de Esmoriz, na Feira Popular do Porto, no Campo do Ameal Sport Progresso do Porto, ao lado de António Mourão e outros artistas de grande nomeada. Atuou brilhantemente em Ermesinde, Válega, Ovar, S. Félix da Marinha, S. Bernardo (Aveiro) e muitas mais terras.
Voltou à Feira Popular do Porto, onde cantou e encantou. Em Outubro desse ano, é como atração mostrando assim suas grandes qualidades de artista no Cine Teatro de Vale Formoso, onde voltou a entusiasmar numerosa assistência que freneticamente o aplaudiu.
Em 1970, está novamente atuando em Esmoriz, depois no Centro Paroquial de Silvalde, em Anta Espinho, e, volta a exibir os seus dotes artísticos no Cine Vale Formoso no Porto. No mês de Maio, ao cumprir o serviço militar, é integrado no programa das forças armadas “Alerta Está”, onde canta ao lado de grandes nomes da música como: Gabriel Cardoso, Maria Armanda, Paula Ribas, Joel Branco, Fernando Tordo, Júlio César, António Rios, Hermínia Silva, Maria da Fé, o acordeonista Tino Costa e outros civis e militares!
Neste mesmo programa, cantou em Setúbal, no teatro Luiza Tody e, em Faro, Tavira, Caramulo, etc…etc…Nesse Novembro de 1970, a Revista Plateia publicou em número especial, uma entrevista ao Zé Reis, referenciando e exaltando as suas virtudes de exímio cantor!
Em continuação do serviço militar, esteve a mostrar os seus dotes no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, ao lado de Fernando Tordo, Tristão da Silva, Júlio César, Paulo de Carvalho, Ada de Castro, Carmem Costa, Mafalda Sofia, Maria José Valério, Teresa Paula Brito, Gabriel Cardoso, Joel Branco, António Sala e outros que nesse tempo se distinguiam no mundo dos cançonetistas nacionais. Continuando no “Alerta Está” esteve em 1972 no Teatro Monumental, com Luiz de Mascarenhas, Orlando Rosa Limpo, Fernando Tordo, Carlos Frazão, Ada de Castro, Florbela Queirós, José Pracana, Paulo de Carvalho, António Sala e outros, num maravilhoso espetáculo de variedades!
Em 1973, fez-se ouvir nas verbenas do Orfeão de Ovar e em S.Pedro da Cova, junto de Corina Andrade, Branca Silva e outros, donde seguiu para Paços de Ferreira com Florência, Natália Maria, Manuel Sanches, Fátima Caldeira, Manuel Morais, Mary Faty e Vergílio Cervantes, para de seguida se encontrarem nas Quintas do Norte (Torreira) com Fernanda Baptista, Silita Lopes e ainda participou no Salão da Banda União Musical Paramense à frente de um grandioso agru-pamento de cantores de música ligeira, para depois seguir para S. Tiago de Custoias, com José Afreixo, Manuel Morais, Fátima Caldeira, Natália Maria e outros. Logo depois atuou nos Bombeiros de Esmoriz num espetáculo de variedades organizado pelo Grupo Cénico.
Em 1974, novamente participou nas Festas Sanjoaninas do Campo Grande de Esmoriz e, pouco tempo depois, é integrado no elenco da F.N.A.T.( Fundação Nacional para Alegria no Trabalho), hoje, I.N.A.T.E.L. cujos artistas eram superiormente acompanhados pela orquestra do conhecido maestro Resende Dias e, dirigida pelo mesmo.
Nesses espetáculos, “José Reis” esteve sempre bem ao lado de companheiros de grande cartaz, como o eram: Natércia Maria, Rosita, Maria da Luz, Maria Fiúza, Arlindo de Oliveira, Laurita Moreira, Linita Onofre, Jaime Augusto, Max, Manuel Sanches, Corina, Armando Guerreiro, Fernanda Soberano, Maria Salomé, Trio Boreal, Nelo Silva, José Viana, Vergílio Cervantes, Palmi-ra Viegas, Maria de Lourdes Resende, e Os Iberos.
Aqui se faz referência a algumas localidades, onde se exibiram espetáculos: Barroselas, Retorta, Fafe, Valeira, S. Pedro do Sul, S. João da Madeira, Mirandela, Vila Cova, Mazarefes, Vidago, S. Mamede de Riba Tua, Miranda do Douro, Válega, Oliveira de Frades, Gens, Vilarandelo, Vinhais, Bragança, Mogadouro, Carrazeda, Moncorvo, Vila Flor, Vale de Passos, Culmieira, Vila Nova de Anços, Lagoaça, Moreira da Maia, Viseu, Lamego, Macieira de Cambra, Vila Praia de Âncora, Ponte de Lima, Barrosas, etc.
No dia 14 de Março de 1975, apresentou-se com um programa cheio de novidades musicais no Salão dos Bombeiros, em Esmoriz, seguindo depois, para cantar no Cine Teatro da Vila da Feira, passados dias, deslocou-se a Santa Marta de Portuzelo (Viana do Castelo) a cantar ao lado de Amália Rodrigues, Faty Ramos e outros artistas de primeira categoria. Ainda no mesmo tempo, cantou com Herman José, Nicolau Breyner e Fernando Lito.
Em 6 de Agosto de 1977,exibe com grande entusiasmo dos presentes, diversos números do seu já muito valioso reportório na Vila de Santo Tirso.
Em Março de 1978, sobe ao palco dos Bombeiros, integrado no Grupo Cénico para cantar na revista, “O Zé Não Vai Em Cantigas”.
Em 1979 no mês de Março, faz parte do Conjunto “Estrelas Incomparáveis” como músico e vocalista. Logo a seguir no mês de Abril, tem uma excelente atuação na Bélgica.
A nível nacional, com este conjunto, faz digressão por várias terras: Barcouço, Oiã, Pampilhosa, Castelo de Paiva, Paredes, Cantanhede, Coimbra, Barcelos, Vouzela, Lousada, Pinheiro da Bemposta, Águeda, Mamarrosa, Felgueiras, Nogueira da Maia, Pedroso, Oliveira do Bairro, Oli-veira de Azeméis, Pontão, Viana do Castelo, Valongo do Vouga, Figueira da Foz, Viseu, Torres Vedras, Montemor-o-Velho, Penacova, Condeixa, Palhaça, Seia, Sertã, Castelo Branco, Alcochete, Vagos, etc…
Em 1980, canta de novo em Paços de Brandão, logo a seguir, apresenta-se em grande estilo no Campo da Barrinha, depois no palco do Cine Esmoriztur, passados dias, canta no restaurante “Garrafeira de Ovar” ao lado de Natércia Maria.
Atuou nas festas da Praia de Esmoriz em 1981. Compositor de muita sensibilidade artística, criou muitas canções do seu vasto reportório, algumas das quais gravadas em disco e ainda 52 canções das nossas revistas, que estão inseridas em edição. De entre elas, sobressai a marcha “Hino da Cidade de Esmoriz”.
Em discografia, José Reis também realizou obras de mérito: em 1974 gravou para a etiqueta Orfeu um single de quatro faixas. Para a Vadeca, três obras num cartucho de «canções livres». Integrado no Conjunto “Estrelas Incomparáveis”, gravou para a “Rapsódia”, um LP, onde está inserida a canção «Vai No Comboio a Saudade», com letra e música de sua autoria.
Em 1984, gravou em LP e Cassete, ”Esmoriz Vida e Música”, em 1993, tocou na gravação da cassete feita pelo Grupo de Bandolins de Esmoriz, num Estúdio em Lisboa, e para o Grupo Cénico (B.V.E.) de Esmoriz, gravou outra cassete com o título genérico “Esmoriz A Cantar”!
Com os temas Hino a Esmoriz, Barrinha, Esmoriz Estou Contigo, o José Reis não parou por aqui e, continuou a fazer o que mais ama e gosta: -Cantar- nunca negando a sua colaboração em eventos para os quais era solicitado, a maior parte das vezes graciosamente, levando sempre consigo nas canções que interpreta, o nome de Esmoriz, apesar de haverem na nossa cidade ou-tros artistas, nomeadamente ligados ao mundo da canção, é porém o único a cantar ESMORIZ, as suas belezas naturais, os seus usos e costumes e não esquecendo, a sua gente.
Em 1999, não deixando de cantar a solo, formou com seu filho mais velho um Duo Musical com o nome «SÓ-R’S» diminutivo de Só Reis, onde a convite da Câmara Municipal de Ovar, se deslocaram em Fevereiro do ano 2000 a ELIZABETH-NEWARK E.U.A., onde mais uma vez honraram Esmoriz, com atuações de grande gabarito.
Mais tarde, com mais um elemento no Grupo, sua filha mais nova, que o deixava totalmente orgulhoso. Fez também parte de várias direções de coletividades, tais como: S.C.Esmoriz, C. Ornitológico, assim como da Associação de Pais do Ciclo Preparatório de Esmoriz.
José Reis como compositor das seguintes canções:-Os Sonhos de uma vida. Os Direitos Sociais. A Alegria do momento. Marcha Partidária. Está Mau, Ó Zé. O Zé foi à Festa. A Cantiga dos patos. A Canção de Esmoriz. A Cantiga do Vinho. A Minha Graxa. As Verdades. As Muletas. Mulheres da nossa Terra. A Cidade em revista. Vamos ao petisco. Esmoriz no fado antigo. Nasci, cresci, à beira-mar. Vale quem ri. Cantiga dos santos. A Canção do senhor Costa. Desporto é vida nova. Fado da sorte. Roldão e outros sem vergonha. Os Descomandados. Ora Bate, Bate. A Tina da Cumieira. A Boa Caldeirada. Mãos Criminosas. Maio Florido. Marcha dos operários. O meu lugar. O Meu Joaquim. Fadistas de ouvido. Chapéu não é caro. Esmoriz é Feliz. A Canção da Cigana. O Gozo na Dacasca. Amor para dar. Tu Cantas, eu canto. A Canção da Primavera. A Veraneante. A Mulher de perna ao léu. Vamos à revista. A Cidade em marcha. Vou Dar meu voto. A Polícia da Cidade. Oração à terra mãe. Canção das virtudes. A Folhinha do Povo. Cantar e Sorrir. Mulheres Fadistas. O Bem da Verdade. Perfazendo no total, 52 canções.
José Reis foi agraciado com a medalha de ouro da cidade de Esmoriz, dia 6 de Julho de 2003, por relevantes serviços prestados à população de Esmoriz na área da canção e divulgação da cidade na exaltação dos seus valores culturais.
Casou dia 9 de Abril de 1972, com a Dª Rosa Amélia dos Santos Oliveira, na Igreja de Cortegaça engendraram dois filhos e uma filha, já é avô de 4 netos.
Esta Figura Esmorizense, ao longo da sua vida, esforçou-se para atingir certos patamares e isso, conseguiu a pulso firme. Eu que o conheço bem, sei que este Senhor, praticou o bem, é imensa-mente sensível, alegre, (tem vezes que a tristeza o acompanha, mas resiste aos ímpetos mais desconformes desta vida). Nesta simples homenagem, quero desejar-lhe muita saúde, (que é a melhor coisa que podemos ter) e deixo-lhe aqui um forte abraço de amigo do coração.
Francisco Pinho
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