Mutualidade de Santa Maria de Esmoriz e Exar Social Value Solutions (Turim) unem esforços em projecto para a inclusão social
8 de Novembro, 2024A Mutualidade de Santa Maria de Esmoriz e a Exar Social Value Solution (Turim) firmaram um projecto ou parceria denominada C-Lab que, até Outubro de 2025, procurará estreitar estratégias que visem facilitar a integração social dos migrantes, nas mais diversas áreas – formação para jovens e adultos, reconhecimento das suas qualificações, orientação profissional, candidaturas a vagas de empregos, etc.
Actualmente, Portugal tem cerca de um milhão e 100 mil migrantes, enquanto que a Itália terá à volta de 5 milhões de migrantes. Os fluxos migratórios têm sido cada vez mais evidentes nos últimos anos em torno da Europa.
A equipa italiana da Exar Social Value Solutions, composta por Alessia Catarinella, Giulia Giampietro e Laura Olivetti, esteve em Esmoriz por estes dias, sendo aqui acompanhadas por Andreia Portugal, que assume a coordenação do lado da Mutualidade de Santa Maria de Esmoriz. As três responsáveis provenientes de Turim estiveram inclusivamente na rádio Voz de Esmoriz, onde abordaram o projecto C-Lab que visa desenvolver e testar novos métodos, em conjunto com a Mutualidade de Santa Maria de Esmoriz, para ajudar os migrantes e os refugiados a instalarem-se nos seus novos países, procurando melhorar as suas experiências de integração e ultrapassar as barreiras linguísticas. Além disso, defendem que deve haver mais desburocratização e estratégias de inserção profissional, tornando mais eficiente o acesso aos serviços públicos por parte dos migrantes. Nesse sentido, transmitem a necessidade de verem reconhecidas as suas qualificações, além de que as comunidades receptoras devem ser sensibilizadas para que possam proporcionar um ambiente mais inclusivo.
O projecto foi apresentado, nesta passada quinta-feira, no auditório da Mutualidade de Santa Maria de Esmoriz, onde foram também entregues diplomas de certificação a migrantes que tiveram as suas qualificações certificadas pelo Centro Qualifica da IPSS esmorizense. Destacamos, neste enquadramento em particular, os testemunhos concretos de Mariannis Fernandez, da Venezuela, e Ali Alkhamis, da Síria, que recordaram a instabilidade vivida nos seus países de origem e a sua chegada a Portugal, agradecendo à Mutualidade de Santa Maria de Esmoriz a validação de competências através de processos de RVCC, estando hoje ambos entrosados na rotina diária portuguesa.
Por seu turno, na equipa italiana da Exar, Alessia Catarinella reforçou que o trabalho é uma ferramenta determinante para o empoderamento pessoal, bem-estar e inclusão social, reiterando que a diversidade cultural é um valor acrescido para as próprias empresas. Giulia Giampietro argumentou que se deve educar as empresas para incluir os migrantes através de um esforço mínimo e Laura Olivetti reforçou a ideia de que a Exar trabalha no sentido do acompanhamento do trabalho, certificação de competências, orientação profissional, actividades de mediação intercultural, tudo isto no processo de integração social dos refugiados. Este trio de especialistas assume que é importante serem criadas mais sinergias entre organizações a fim de dar resposta aos dramas vividos pelos migrantes. A Exar já tinha sido distinguida, em 2019, pela Agência de Refugiados das Nações Unidas ao nível dos seus projectos de integração social.
Andreia Portugal, pela Mutualidade de Santa Maria de Esmoriz, relembrou que é fundamental ajudar os migrantes a superarem as barreiras linguísticas no seu processo de adaptação, e enfatizou que esta parceria é uma ponte entre Portugal e Itália para fomentar o intercâmbio de boas práticas no âmbito da inclusão social. Insiste que Portugal sempre soube acolher bem quem vem de fora, e que este novo projecto voltará a testar a capacidade receptora dos dois países.
Pela sua vez, Luís Alberto Silva, Presidente do Conselho de Administração da Mutualidade de Santa Maria de Esmoriz, recordou que Portugal “é historicamente um país de migrações”, salientando que os “imigrantes são um bem para a diversidade”, contribuindo ainda para a natalidade e para a estabilidade do sistema da segurança social. Refere que o mutualismo sempre se pautou por valores humanistas, pela dignidade, tolerância e transparência.
Pedro Portugal Gaspar, Presidente do Conselho Directivo da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA), também esteve presente no evento da apresentação do projecto, e relembrou que foi em Estrasburgo e em Parma que teve a real noção da onda migratória que está a afectar a Europa. Sublinha que a Europa está a assumir o papel de receptotra de migrantes, defendendo um espírito aberto de construção. Recorda que 10% da população em Portugal é já composta por imigrantes e, no seu entender, deve-se captar mais talentos e mão-de-obra diversificada (braçal ou indiferenciada) que será certamente muito bem vinda nos sectores do turismo, restauração, agricultura, obras públicas e até no combate à desertificação do interior. Transmitiu, por fim, uma mensagem de esperança e optimismo quanto à futura integração dos migrantes.
Destaque ainda para um vídeo em formato de desenho animado que, tendo sido difundido na apresentação do projecto C-Lab, apresentava a história de uma ursa mãe e de um filhote seu que foram forçados a abandonar o seu lar (devido ao degelo glaciar) e que foram tratados de forma antagónica e hostil quando fugiram desesperadamente para um novo território, acabando por passar uma mensagem similar sobre o drama encarado pelos refugiados.