Myanmar à beira da guerra civil
17 de Fevereiro, 2021Um golpe militar, ocorrido a 1 de Fevereiro, levou à deposição de Aung San Suu Kyi que era então a chefe de governo de Myanmar (ou Birmânia) e que é agora acusada de “alegada importação ilegal de material de telecomunicações, nomeadamente “walkie-talkies” que foram encontrados na sua residência. Encontrando-se, neste momento, em prisão domiciliária, Aung San Suu Kyi pode enfrentar uma pena até 3 anos de cadeia.
Também o Presidente Win Myint foi deposto e acusado de violar a lei de gestão de desastres naturais, devido a normas e procedimentos que tomou aquando da propagação da pandemia de Covid-19. É acusado de não ter promovido e respeitado medidas de distanciamento social e de ter organizado um acto de campanha eleitoral com mais de 30 pessoas, de acordo com o jornal digital Notícias ao Minuto.
No entanto, uma considerável parte da população não se revê nos procedimentos e nas justificações do Exército que derrubou os dois principais líderes de estado da Birmânia.
Milhares de manifestantes têm saído para a rua, exigindo a libertação de Aung San Suu Kyi. No entanto, o Exército e a Polícia têm reagido com bastões, cargas, gás lacrimogéneo, canhões de água e tiros com balas de borracha. Mas há também quem assegure que as autoridades estejam a utilizar, em casos mais críticos, munições reais, embora este último rumor não tenha sido ainda oficialmente confirmado.
Também as greves de médicos, professores e trabalhadores ferroviários constituem uma forma de protesto contra o golpe militar.
Desde o início de Fevereiro que já mais de 400 manifestantes foram detidos, nomeadamente responsáveis políticos, activistas e membros da sociedade civil, incluindo jornalistas, médicos e estudantes. Ainda não se sabe um número oficial de vítimas resultantes dos confrontos.
Actualmente, e devido ao golpe militar, o governo de Myanmar é gerido por um grupo de generais. A revolução já foi condenada por vários líderes mundiais, nomeadamente do Ocidente, que exigem o regresso do país ao rumo da democracia, embora esta ainda não estivesse totalmente amadurecida.
A situação política no país tem sido, nas últimas décadas, conturbada devido a confrontos frequentes de cariz político e até étnico
Recorde-se que tem sido igualmente denunciado por organizações associadas aos direitos humanos o genocídio contra a população de etnia rohingya. O principal dedo é apontado ao exército birmanês que é acusado de cometer actos de extrema violência, mas Aung San Suu Kyi (vencedora do Prémio Nobel da Paz em 1991 e que é vista como um vulto defensor da democracia daquele país) quando estava no poder evitou tocar no assunto ou relativizou-o.
O país ainda é assolado pela pandemia da COVID-19, tendo já registado mais de 3 mil mortes, de acordo com os números oficiais divulgados.
Créditos da Imagem: Hkun Lat/Getty Images/NPR