Papa Francisco chega ao Iraque nesta sexta-feira
4 de Março, 2021A viagem ao Iraque será uma das mais arriscadas do pontificado do Papa Francisco. O país do Médio Oriente tem vivido, neste novo milénio, uma realidade política, social e religiosa bastante conturbada. Contudo, o Sumo Pontífice quer cumprir uma promessa diante do povo iraquiano que não chegara a ser concretizada por um dos seus antecessores, João Paulo II, que em 2000 desejou visitar aquele país, mas que na altura não teve autorização do ditador Saddam Hussein.
Assim sendo, no seu périplo de três dias (5 a 8 de Março), Francisco visitará Bagdade, Najaf, Ur (a terra natal de Abraão, figura de referência para judeus, cristãos e muçulmanos), Erbil (capital do Curdistão iraquiano), Mossul (cidade que chegou a hospedar uma comunidade numerosa de cristãos) e Qaraqosh.
A agenda inclui ainda encontros com membros da comunidade cristã (católica, ortodoxa e outras vocações), líderes políticos e o aiatola Ali Sistani, maior autoridade xiita do país.
Como é evidente, as questões de segurança geram receio e preocupação, todavia as autoridades iraquianas reforçarão, na medida do possível, a vigilância. No entanto, não será nada fácil controlar o êxtase das comunidades que aguardam ansiosamente pela visita pontifícia, pelo que o gesto do Papa Francisco revela coragem e determinação.
De acordo com a Agência Ecclesia, antes das guerras ocorridas no Iraque, existiam cerca de um milhão e meio de crentes cristãos. No entanto, a invasão norte-americana do Iraque, o clima de guerra civil subsequente e o surgimento do Estado Islâmico contribuíram para o exílio e até mesmo para a morte de vários cristãos. Hoje, o número de cristãos residentes no Iraque ronda apenas os 250 mil, traduzindo-se numa redução de 80% dos crentes em cerca de duas décadas.
O Papa Francisco trará consigo uma mensagem ecuménica de fraternidade e de carinho perante um povo que procura reerguer-se da ruína social/económica, além de que a pandemia está também a causar fatalidades humanas com o Iraque a registar mais de 13 mil óbitos provocados pelo vírus. Nos últimos dias, o país tem registado entre 3 a 4 mil casos diários.
De acordo com a RTP/Agência Brasil, o Sumo Pontífice pretende orar com irmãos e irmãs de todas as tradições religiosas do país, considerando o povo iraquiano como uma “única família de muçulmanos, judeus e cristãos”.
Créditos da Imagem: Sabah Arar/AFP