“Que a celebração da Paixão e a Adoração da Cruz nos levem a olhar cada homem e cada mulher como nosso irmão e nossa irmã” – Paróquia de Santa Maria de Esmoriz

3 de Abril, 2021 0 Por A Voz de Esmoriz

Nesta passada Sexta-Feira Santa, a Cristandade recordou a crucificação de Jesus Cristo, no âmbito de um julgamento injusto realizado há quase 2 mil anos. A Paixão de Cristo comoveria então muitos crentes espalhados por todo o globo.

Em Esmoriz, por volta das 15:00 de ontem, soou a sirene dos bombeiros, e logo milhares de cristãos residentes na cidade fizeram um minuto de oração ou silêncio, recordando o martírio de Jesus Cristo. Na Paróquia de Santa Maria de Esmoriz, o acontecimento motivou a “Celebração da Paixão e a Adoração da Cruz”, através de uma cerimónia que teve lugar na Igreja de Gondesende, em que a lotação parcial permitida (restricção obrigatória devido ao contexto de pandemia) seria praticamente ocupada/preenchida por fiéis, o que confirmou uma adesão muito satisfatória, dentro das limitações definidas. A cerimónia foi ainda difundida em directo na Rádio Voz de Esmoriz para que muitos ouvintes pudessem acompanhar.

Na sua homília, o Padre Manuel Mendes recordou o nascimento da Igreja e o poder da fé, nos momentos mais conturbados ou adversos da Humanidade. Relembrou a “Paixão de Cristo” e o seu sacrifício para redimir os pecados do Homem, e que o Messias trouxe um novo caminho luminoso para o futuro das sociedades. Frisou que as comunidades cristãs devem ser famílias, em que deve prevalecer a fraternidade e a solidariedade entre todos os crentes. Apelou também aos jovens para que adiram à crença, aos princípios e aos desafios do reino de Deus.

O Padre Manuel Mendes enfatizou ainda a necessidade de se acabarem de vez, neste mundo, com os discursos de ódio, violência, racismo, indiferença, medo, egoísmo e individualismo, porque esses cenários indesejáveis minam a possibilidade de que todos possamos olhar uns para os outros como “irmãos” e “irmãs”, tal como deveríamos num plano social de harmonia.

Recordamos em seguida a homília do Sacerdote Manuel Mendes no âmbito da Celebração da Paixão e Adoração da Cruz, bem como a Mensagem Pascal (presente num belo folheto distribuído) dedicada a todos os crentes cristãos da nossa região.


Homília da Celebração da Paixão e Adoração da Cruz

Como acabamos de escutar, a Sexta-feira Santa assistiu à desintegração da comunidade de Jesus: Judas vendeu-O; Pedro negou-O e a maior parte dos discípulos fugiu. Parecia que todos os esforços de Jesus para reunir e construir uma pequena comunidade tinham falhado, e Ele estava a morrer.
Mas é precisamente neste momento mais sombrio que vai manifestar-se a hora de Jesus, o poder criador daquela entrega, daquela morte. E junto à Cruz, quando tudo parecia perdido, afinal, essa comunidade vai continuar e renascer: “Mulher, eis o teu filho… Filho, eis a tua mãe.”
Eis o nascimento da Igreja.
João nunca diz o nome ‘Maria’, diz mãe ou mulher. Porquê? Porque ela é a nova Eva, a mãe da nova humanidade nascida da Cruz, do lado aberto de Cristo. Ela é, portanto, a nossa mãe, a mãe de todos os que vivem pela fé. E esta é a nossa família. Está ali, junto à cruz, a nossa mãe e o nosso irmão.
Ser cristão é reconhecer que a nossa família nasceu naquele momento, aos pés da Cruz, de onde ninguém pode ser tirado: Todos Família, todos irmãos, como insiste o lema da nossa diocese e também o papa Francisco.
Em Cristo, nós somos carne da mesma carne, partilhamos o mesmo sangue, o sangue da Cruz.
O que nos atrai e reúne é o amor a Cristo, ainda que o vivamos de maneiras diferentes. O que nos atrai e reúne é a mesma missão de fazer de toda a humanidade a família dos filhos e filhas de Deus.
Por isso, logo nos primeiros domingos da Quaresma, ao abrirmos a Arca da Aliança, encontrámos os tesouros dessa Casa Comum que habitamos e somos chamados a construir como casa de irmãos e irmãs, e da família, da nossa família de sangue, mas também desta família nascida do sangue de Cristo que é a Igreja, a começar logo na nossa comunidade paroquial.
Que esta Páscoa sirva também para nos levar a tomar consciência destes tesouros que Deus nos confia.
Que a celebração da Paixão e a Adoração da Cruz nos levem a olhar cada homem e cada mulher como nosso irmão e nossa irmã, vencendo a tentação do discurso do ódio e da indiferença, da xenofobia e do racismo, do egoísmo e do individualismo, do medo e da violência.
Que esta Páscoa desperte em nós, especialmente nos jovens, a paixão pelo Reino de Cristo, tal como Ele o anunciou e viveu. Ámen.

Padre Manuel Mendes


Mensagem aos Paroquianos de Esmoriz e Maceda

Amados Paroquianos:

Também este ano, o nosso caminho quaresmal para a Páscoa, apesar de todas as dificuldades, foi guiado pela Palavra e pela Luz da Ressurreição. Sobretudo em família, mais confinados à nossa própria casa, fomos desafiados a ir descobrindo os tesouros escondidos na Arca da Aliança: a Casa, as Raízes, a Educação, o Perdão, o Matrimónio, a Fidelidade, a Eucaristia, a Cruz. Para chegarmos ao Domingo de Páscoa e encontrarmos Cristo Ressuscitado. É Ele a fonte e a meta de toda a nossa vida, alegria e felicidade. Só Ele pode oferecer-nos a Vida Eterna. Ele é que é o nosso maior tesouro que podemos encontrar: o Nosso Salvador.

Temos apenas de confiar n’Ele e segui-l’O, como fizeram os primeiros discípulos e os discípulos de todos os tempos.

Esta pagela pascal é apenas um sinal dessa Luz que nos ilumina e guia. E quer ser também um sinal da nossa comunhão em Cristo. É essa comunhão que nos tornará fortes na Fé, alegres na Esperança, firmes na Caridade e entusiasmados na Missão.

Votos de uma Páscoa verdadeiramente ressuscitadora para todos!

Padre Manuel Mendes

Padre José Almonte