Saúde: recomendação é princípio, mas está longe de ser conclusiva

Na passada sexta-feira, a Assembleia da República aprovou uma resolução que visava a recomendação (e sublinhamos esse termo – recomendação) de se criarem as condições necessárias para que se proceda à integração do Hospital Dr. Francisco Zagalo de Ovar e dos Cuidados de Saúde Primários de Ovar na Unidade Local de Saúde de Entre o Douro e Vouga. PS, PSD e Chega votaram favoravelmente e permitiram a aprovação dessa “recomendação” feita ao Governo de António Costa.

Ao invés, a proposta apresentada pelo Bloco de Esquerda que visava imediatamente, e sem quaisquer condicionalismos, a integração do Hospital de Ovar na ULS de Entre Douro e Vouga, do BE, foi chumbada pelo Parlamento (PS e PSD votaram contra). PCP também já demonstrou indignação pelo chumbo desta resolução que poderia reverter, desde logo, a decisão do Ministério da Saúde.

Na verdade, a recomendação aprovada acaba, para já, por não ter qualquer efeito prático. Pode ser um princípio promissor de que as reivindicações do povo de Ovar foram ouvidas, contudo se nada for feito para se “criarem as referidas condições”, poderá mesmo tornar-se inócua, e os utentes vareiros passarão mesmo a ser referenciados, a partir de 1 de Janeiro de 2024, para a ULS de Aveiro.

Entretanto, a plataforma cívica “Coração Vareiro” que organizou uma manifestação no passado dia 30 de Setembro pelos cuidados de saúde de proximidade, já veio denunciar o que interpreta ser uma “jogada de ilusionismo político”.

Na verdade, este é um tema que promete continuar a estar na ordem do dia, durante os próximos tempos.

Créditos da Imagem: Diário de Aveiro