Seis meses da Crise de Gaza: Desafios Humanitários e Resposta da UNICEF

9 de Abril, 2024 0 Por A Voz de Esmoriz

Lisboa, 9 de abril de 2024 – Nos últimos seis meses, a crise humanitária na Faixa de Gaza atingiu proporções alarmantes. A UNICEF está no terreno a apoiar crianças e famílias, apesar dos desafios sem precedentes.

Desde 7 de outubro de 2023, mais de 32 mil pessoas perderam a vida em toda a Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo 13 mil crianças, e mais de 74 mil ficaram feridas. Cerca de 1,7 milhões de pessoas – quase 80% da população da Faixa de Gaza – foram deslocadas, das quais 850 mil são crianças.

Até ao momento, 155 unidades de saúde foram danificadas, o que corresponde a 84% das instalações de saúde na Faixa de Gaza. 171 membros das equipas da Organização das Nações Unidas perderam a vida.

A insegurança alimentar intensificou-se com a interrupção contínua das cadeias de distribuição e a destruição de infraestruturas. Segundo o “Quadro integrado de classificação da segurança alimentar” (IPC), cerca de 1,1 milhões de pessoas estão em risco iminente de enfrentar a fome, sobretudo no norte da Faixa de Gaza.

A falta de acesso a água potável afeta 81% dos agregados familiares, com disponibilidade média de 3 litros de água por pessoa por dia, muito abaixo do padrão mínimo de 15 litros, aumentando o risco de doenças infeciosas e problemas de saúde graves, principalmente entre crianças.

A educação foi impactada com a destruição de 78% (386) das escolas na Faixa de Gaza, que afetou 625 mil estudantes.

Apesar dos ataques, da escassez de combustível e dos bloqueios de comunicação, a UNICEF permanece no terreno, a entregar ajuda. Até ao momento, ajudámos mais de um milhão de pessoas com a entrada de 594 camiões e 43 voos charter da UNICEF na Faixa de Gaza. Destacam-se as seguintes ações:

  • Distribuição de suplementos nutricionais para 36.866 crianças e 21 mil mulheres grávidas;
  • Fornecimento de água potável para mais de 1,6 milhões de pessoas e melhoria dos serviços de saneamento e higiene para 495.187 pessoas, incluindo 4.400 pacotes de fraldas para bebés só nas duas últimas semanas;
  • Assistência médica para 609.785 pessoas, incluindo a entrega de 50 incubadoras e mais de 1 milhão de doses de vacinas;
  • Apoio psicossocial, educação de emergência e atividades recreativas para 164 mil estudantes e professores;
  • Serviços de emergência e proteção infantil para 151.802 crianças e cuidadores;
  • Distribuição de roupas de inverno para 160.205 crianças;
  • Apoio financeiro humanitário para 555.331 pessoas (83.890 famílias).
  • Desde o início do conflito, a UNICEF reforçou as suas equipas no terreno, de 92 para 126 pessoas. Atualmente, estamos preparados para aumentar imediatamente o número de camiões disponíveis de quatro para 30, caso haja melhorias nas condições de acesso ou um cessar-fogo.

Neste momento crítico, a UNICEF apela:

  • À implementação imediata e duradoura de um cessar-fogo humanitário, garantindo acesso sem obstáculos à ajuda humanitária e a libertação imediata, segura e incondicional de todas as crianças raptadas.
  • Ao fim das graves violações contra todas as crianças, incluindo assassinatos e mutilações, assegurando um ambiente seguro e protegido para o seu desenvolvimento.
  • Ao fornecimento urgente de serviços médicos essenciais e tratamento médico para crianças feridas ou doentes, incluindo a evacuação médica de emergência quando necessário.
  • Ao respeito e proteção da infraestrutura civil, incluindo hospitais e escolas, que devem ser áreas seguras para crianças e suas famílias durante conflitos armados.
  • É urgente garantir o financiamento necessário para continuar a fornecer ajuda vital às crianças e famílias afetadas pelo conflito. Apelamos à generosidade de todos para ajudar a proporcionar água potável, alimentos, cuidados médicos, educação e proteção para as crianças que enfrentam situações de extrema vulnerabilidade.

Comunicado da UNICEF Portugal

Créditos da Imagem: Muhhamad Abed/AFP