Susana Cruz – “Ser poeta é abrir as portas para a criatividade”
31 de Julho, 2021Nascida em Ovar (1976) mas residente em Esmoriz, Susana Cruz é uma poetisa que já publicou um livro de poesia. Também é fã de fotografia e conta com uma carreira na área da enfermagem. Reveladora de um talento especial para a escrita, Susana é hoje a nossa convidada especial para esta entrevista.
1-Olá Susana. Quando e como nasceu a sua paixão pela poesia?
R: Olá! A minha paixão pela poesia surgiu por volta dos 15 anos, durante as aulas de Português.
2- Quais foram as suas principais referências literárias? Aquelas que mais a inspiraram?
R: Fernando Pessoa, sem dúvida. E alguns poemas lindíssimos de Bocage.
3- O “Sol e a Serpente” foi o seu primeiro livro que publicou em 2016, pela Chiado Editora. O que é que o leitor pode encontrar lá? Que tipo de poemas podem ser lidos?
R: O Sol e a Serpente é uma Valsa que tem início no nosso nascimento.
O Sol, o nosso Coração. O nosso interior, as nossas vontades mais genuínas, que crescem dia após dia. Se o seguirmos, seremos verdadeiramente felizes! Criação. Amor. Liberdade.
A Serpente, a nossa mente. Que nos distrai, ilude, mente, para não nos tornarmos em quem realmente somos. Engana, controla e manipula. Medo. Descredibilidade. Destruição.
O Sol e a Serpente, Valsa na minha mente, em forma de poesia, retrata essa dualidade, mente, coração. É uma viagem que tem início na adolescência, quando tudo começa a ser questionado, até à idade adulta. Uma viagem de valsas e poemas de Amor, Amizade, Existência, Vontades, Liberdade, Vida, Morte, Família, Casa, Amigos.
Cada poema, uma valsa. Cada valsa, uma história.
“Se o Sol te chamar
Vai!
Dança naqueles raios
Imaculados
Que cegam incessantemente (…)”
4- O seu livro teve um bom feedback por parte do público? Ou espera ainda alcançar mais reconhecimento social e cultural com futuras publicações?
R: O meu livro teve um excelente feedback por parte do público. Confesso que nem estava à espera de tanto. Ainda hoje me pedem livros ou me perguntam onde o podem encontrar. O que é muito gratificante. Agradeço imenso a este público maravilhoso.
Sinceramente, espero. Espero melhorar a minha escrita, espero que todos gostem e que acima de tudo possa contribuir para que o público viaje e /ou se identifique no que escrevo.
5- No seu entender, quais as características que devem perfilar um bom poeta? Que conselhos daria a quem está a iniciar-se na área da escrita?
R: Acima de tudo ser livre na escrita. Escrever o que lhe vai na Alma. Pelo menos, é assim que sou. Penso que não existem bons ou maus poetas. Talvez uns toquem mais um determinado público do que outros.
Mas posso dar alguns conselhos: Ser poeta é abrir as portas para a criatividade. É preciso estar inspirado ou procurar inspiração. Na natureza, numa pessoa, em qualquer coisa o poeta encontra inspiração. Se quiser pode pesquisar sobre literatura e ler alguns livros. Ver as regras gramaticais de um poema.
E praticar, rever, praticar.
6- Está a pensar escrever mais livros de poesia? E relativamente à prosa, tem algum projecto em mente?
R: Sim. Neste momento, estou a escrever dois livros. Um em poesia e outro em prosa.
7- A Susana também demonstra uma paixão pela fotografia, a qual define como uma “necessidade d’ Alma” capturar momentos mágicos que ficassem eternamente gravados. Que trabalhos já realizou ao nível desta arte? Também espera publicar os resultados em livro ou numa exposição?
R: Adoro fotografia. Mas ainda sou uma iniciante. Ainda não realizei nenhum trabalho nesta arte. Futuramente quero tirar um curso de fotografia e associar poesia a cada fotografia e publicá-los num livro. Ou fazer uma exposição de fotografia.
8- Há 24 anos que também assume a missão de enfermeira. Como tem sido lidar nos últimos dois anos com o impacto da pandemia da COVID-19?
R: Tem sido difícil. Principalmente no início, que ainda haviam bastantes dúvidas sobre como actuava este vírus. Agora é difícil na mesma, mas com outro aporte e experiência.
9- Considera que os profissionais de saúde têm sido uns autênticos heróis em todo este processo de combate ao vírus?
R: Sem dúvida.
Para mim os profissionais de saúde são heróis todos os dias da sua vida. Porque independentemente deste vírus arriscam as suas vidas a trabalhar, desgastam-se imenso e deixam muitas vezes a família para trás para cuidar dos outros.
Mas quando surgiu o Covid19 ainda foram mais. Combateram na linha da frente, muitas vezes com medo, mas estiveram lá. Muitas horas seguidas a trabalhar dentro daqueles fatos. Semanas sem ir a casa ver a família, maridos, filhos. E muitos acabaram por ficar infetados. Estamos todos ansiosos que isto tudo termine e bem.
10- Por fim, relativamente a Esmoriz, confessa sentir um grande orgulho pelas tradições desta terra. Se tivesse que convencer alguém a visitar a nossa terra, que argumentos utilizaria?
R: Esmoriz é uma cidade linda.
Temos a beira mar muito bonita, com um vasto areal. Gosto especialmente da praia dos pescadores.
Temos o Parque do Buçaquinho, com uma cafetaria excelente e muito agradável, e muita natureza.
Então e o que dizer dos passadiços da Barrinha? Indescritíveis.
Gosto muito das namoradeiras, das quais tenho bastantes fotografias, principalmente ao pôr do sol.
Temos uma excelente restauração.
E pessoas muito simpáticas.
Poemas da autoria de Susana Cruz
“Se o Sol te chamar
Vai
Dança naqueles raios
Imaculados
Que cegam incessantemente
Enlouquece
Solta um grito
Chama teu caminho
Respira o ar do Sol
Morde a serpente
Beija o teu Amor
Corre na corrente
Calca a tua dor.”
Suzana Cruz, in “O Sol e a Serpente.”
“Queria lutar
Esquecer tudo e matar
Possuir a faca dos desejos que não posso realizar
Mas nem quero pensar no que “não penso”
E quero lutar
Pelo que mereço
E não vaguear
De encontro ao vento.
Parar.
Definir altitude
E voar…
Ao caçar a presa
Gritar:
Valeu a pena não ficar no lugar!”
Suzana Cruz, in “O Sol e a Serpente”