“Vila Real e Trás-os-Montes me incentivaram a procurar a inspiração na Natureza” – Emmy Curl

3 de Dezembro, 2024 Não Por A Voz de Esmoriz

Emmy Curl, nome artístico de Catarina Miranda, natural de Vila Real, onde nasceu em 1990, explora o melhor do folclore transmontano e da música celta, fazendo reviver, através da música, as tradições ancestrais que marcam a nossa Portugalidade. Detentora de um estilo musical único, com arranjos minuciosos e letras poéticas que exploram temas como o amor, a solidão e a natureza, Emmy Curl conta com 15 anos de carreira, sendo uma das vozes mais promissoras do repertório musical nacional. Em termos históricos, foi segunda classificada quando se estreou em 2018 no Festival da Canção da RTP, isto é, na edição posterior a 2017 que viu Salvador Sobral a representar Portugal e a ganhar a Eurovisão em Kiev, na Ucrânia. Apuramos ainda que acabou de lançar recentemente o novo álbum “Pastoral”, criando mais uma ponte genuína entre o passado e o presente, no panorama musical.

Na passada quinta-feira, tivemos a honra de receber nos estúdios da rádio Voz de Esmoriz – Emmy Curl. A entrevista foi conduzida por Eva Estrela e Pedro Henriques.

Emmy Curl reconhece que a natureza de Vila Real e de Trás os Montes lhe permitiu encontrar a escapatória na Natureza, nomeadamente nas montanhas e nos rios, e que esse cenário idílico a inspirou para a criatividade musical. Refere ainda que, desde pequena, vibrava com a música celta, mesmo quando era uma paixão singular ou rara, contudo recorda que, outrora, os celtas passaram pelo Norte de Portugal e que se calhar herdou essa veia cultural. Confidencia que começou a produzir música com 14/15 anos, no estúdio que o seu pai tinha na cave e salientou que, antes de abraçar a música celta, já tinha flautas, gaitas de foles e tambores a tocar à sua volta, aludindo ainda às festas pagãs nas aldeias nortenhas e em Trás-os-Montes.

Em termos de principais influências musicais, Emmy Curl citou Élis Regina (“uma das cantoras mais incríveis do mundo”), Bjørk, Sade Adu, Sting, entre outros. Refere que quando era miúda ouviu diversos géneros: heavy metal, pop, soul, jazz, etc. Ao nível da música portuguesa, lamenta que só aos 22 anos tivesse conhecido o legado musical de Zeca Afonso, embora também ouvisse Sérgio Godinho.

Menciona que, no processo de recriação de algumas músicas, contou com a colaboração de Hugo Correia dos Fado Morse, o qual tocou com a Dulce Pontes. Emmy Curl reitera que Hugo Correia teve um papel primordial na sua nova composição do tema “Senhora do Almortão” que agora tem sido amplamente difundido.

Por seu turno, a melodia “Dança da Lua e do Sol”, gravada no Porto em parceria com Vicente Palma, filho de Jorge Palma, remete-nos para a nostalgia, a solidão e o amor. Mais um projecto musical de qualidade publicado por Emmy Curl.

Emmy Curl foi agraciada com um ramo de flores na sua visita à RVE (cortesia de Eva Estrela)


Sobre o novo álbum “Pastoral”, salienta que há coisas na vida que a marcaram, nomeadamente ter conhecido o pai do seu filho, mas também o drama de ter perdido o seu irmão. Refere ainda que passou por Copenhaga e pelo Funchal, e que tanta coisa lhe aconteceu nessa altura, concluindo que o álbum foi uma espécie de júbilo da vida e da criação, o produto final de uma resiliência indomável.

Relembrou ainda a sua participação no Festival da Canção da RTP (2018) em que se destacou com a composição de Júlio Resende – “Para Sorrir Eu Não Preciso De Nada”, tendo alcançado um prestigiante segundo lugar e sucessivas ovações da plateia. Emmy Curl confessa que entrou, inicialmente, nesta experiência pelo convívio (para conhecer as pessoas que lá iam) e pela oportunidade de se estrear a cantar para a televisão. Argumenta que a música portuguesa estava a entrar num novo rumo, e por isso, decidiu integrar este projecto desafiante. Recorda que, quando chegou à final, deu uma pirueta por estar a viver um sonho. E que, no pavilhão de Multiusos de Guimarães, ficou surpreendida pelo apoio estrondoso do público e que, nesse momento, percebeu o tremendo impacto da sua música. Emmy Curl reconhece que o segundo lugar alcançado no Festival da Canção da RTP em 2018, lhe permitiu conquistar mais visibilidade, alicerçando o crescimento da sua carreira nos anos seguintes.

Admite voltar a concorrer no Festival da Canção da RTP no próximo ano (2025), sonhando com a hipótese de vencer nesta sua segunda participação, deixando até a dica de interpretar um tema relacionado com a paz. Se participar de novo, espera contar com o apoio da família, de muitos artistas com quem tem trabalhado, da região de Vila Real e do Norte do País, e espera voltar a conquistar o coração de muitos portugueses.

Ao longo da entrevista, foram difundidas as suas melodias “Senhora do Almortão”, “Mirandum”, “Amory”, “Dança da Lua e do Sol” e “Botar Água na Vinha”. Decidimos apresentar, junto a este artigo, as duas primeiras para que possa conhecer bem o talento de Emmy Curl.